
Na manhã desta segunda-feira (6), o Conselho Político e Social (COPS) realizou a reunião híbrida com o tema “Eleições 2026”, ministrada por Andrea Matarazzo, vice-presidente da ACSP; Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe); e Pimenta da Veiga, deputado federal de 1999 a 2003.
Os palestrantes foram recepcionados por Roberto Mateus Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP); Alfredo Cotait Neto, vice-presidente da ACSP e presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (FACESP); e Heráclito Fortes, coordenador do COPS.
Abrindo o evento, o presidente Ordine afirmou que “falta exatamente um ano para as eleições presidenciais de 2026. É muito importante conversarmos e debatermos o tema nesse momento que não existe nenhuma definição sobre o próximo presidente do Brasil”.
Na sequência, Matarazzo afirmou que falaria como alguém que fez e faz política há muito tempo. “Hoje, sou mais um observador, seja como vice-presidente da Fiesp, como vice-presidente da ACSP ou como empresário. Olhando o cenário, percebe-se, nitidamente, que aquela polarização existente há alguns anos mudou completamente. Houve uma decepção muito grande, e, hoje, se reconhece muito mais o sucesso do governo anterior pela sorte que Paulo Guedes teve ao lado de Bolsonaro. Tocar um governo durante a pandemia, com um presidente sem experiência administrativa, foi um trabalho relativamente enorme para Guedes”.
Comentando sobre a última eleição para governador do Estado de São Paulo, Matarazzo foi enfático: “O PSDB passou 30 anos governando o Estado sem oposição. A oposição ao PSDB era o próprio partido. Tanto que foram buscar um candidato a governador fora de São Paulo. Não havia político em São Paulo”.
Fazendo uma crítica ao período pós-ditadura, em que as entidades empresariais continuaram apoiando determinados deputados, Matarazzo observou que, atualmente “o parlamento não precisa da classe empresarial, muito menos para financiar campanhas. Percebo que o político ainda tem medo do povo na rua. E quem consegue organizar o povo na rua? A sociedade civil, por meio de suas entidades. Por isso, penso que as entidades precisam falar de pautas da sociedade. Elas têm que ter relevância junto à sociedade para terem peso em Brasília”, pontuou.
Sobre o ambiente político atual, concluiu: “O eleitor está muito cansado da classe política novamente. Vejam o que Eduardo Bolsonaro se tornou. Vimos determinadas figuras tratando assuntos como se fossem a solução para o Brasil. Não dá. São pessoas que não têm credibilidade nem para tomar conta do cachorro da gente”.
Em seguida, Pimenta da Veiga iniciou sua palestra destacando um dado histórico relevante. “Dos 300 bilhões de brasileiros que viveram no país desde a instalação da República até hoje, apenas 43 sentaram na cadeira presidencial como titulares. Portanto, isso nos dá a ideia de um mandato médio de três anos e meio, o que é satisfatório para uma democracia”.
Sobre o cenário eleitoral afirmou: “Para 2026, há uma candidatura muito provável, que é a do atual presidente da República. Mas eu não a considero definitiva, porque o Lula tem 80 anos e um histórico de saúde que preocupa. Portanto, é a hipótese mais provável, mas não é uma candidatura absolutamente definida. Se ele não puder ser candidato, acho que o PT discutirá dois nomes”.
Ele prosseguiu: “Provavelmente, Haddad, que já foi candidato e poderá renovar a candidatura, apesar de não ser esse o projeto inicial. Também há o ex-governador do Ceará, Camilo Santana, e uma outra hipótese dependeria de uma renúncia do ministro Dino, do Supremo, que tem presença política”.
Por outro lado, segundo Pimenta, com a notícia de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não será candidato, abrem-se portas para o atual governador do Paraná, Ratinho Júnior. “Acho que vamos ter mais de dez candidatos na disputa. Mas, entre aqueles que têm viabilidade e chances reais de vencer, eu mencionaria a candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e, provavelmente, o ‘bolsonarismo’ lançará um candidato. Não me espantaria se esse candidato fosse Eduardo Bolsonaro, com todo o radicalismo que carrega”.
Pimenta afirmou que, caso esse cenário se confirme, tem grande expectativa na candidatura de Ratinho Júnior: “Ele, apesar de jovem, tem muita maturidade e habilidade política, atributos indispensáveis para uma boa candidatura presidencial”.
Encerrando a sua palestra, Veiga pontuou que a próxima eleição será marcada pelo confronto entre esquerda e direita. “Mas quem vai definir a eleição é o centro. Vencerá, no segundo turno, aquele candidato que parecer menos radical do que seu adversário. Este terá o voto do centro, que será fundamental”.
Com uma palestra de tom mais analítico, Lavareda destacou que, em cada eleição — sobretudo nas presidenciais —, surgem fatores que se tornam determinantes na definição do foco do eleitorado. “Isso vale para todos os países do mundo. A primeira questão é a incumbência, ou seja, a avaliação da popularidade do presidente que está no cargo. Esse fator tem relevância especial, sobretudo quando o incumbente é candidato à reeleição”.
O cientista político apresentou diversas pesquisas, entre elas o Índice Datrix de Presidenciáveis (IDP), que avalia mensalmente o desempenho digital dos nomes cotados para a disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. Em setembro, Lula registrou 26,6 pontos, seguido por Ronaldo Caiado, com 24,7 pontos, e Ratinho Júnior, com 24,2 pontos. “Ambos acabaram beneficiados por uma significativa queda do governador Tarcísio, que, nos últimos meses, costumava figurar nas primeiras posições da lista”.
Lavareda ressaltou que, observando as três últimas eleições presidenciais, o candidato vencedor tende a alcançar cerca de 47% dos votos no primeiro turno. “Essa foi a média de desempenho dos vitoriosos na Nova República e também a média dos vitoriosos na Quarta República”, concluiu.
Veja as fotos: https://flic.kr/s/aHBqjCwufo
Por ACSP - 06/10/2025